MUITO TEMPO DEPOIS...
Tristesse
Essa noite eu não preguei os olhos, preocupada com a conduta lazarenta do pai dos meus filhos e mais incomodada com a conduta antiética do advogado dele. Pensei muito no futuro incerto dos meus filhos. Passei a noite inteira entre cochilos e sobressaltos. Acordei de manhã no susto. Celular descarregou durante a noite, não despertou e perdi a hora de levar as crianças a escola.
Pensei, poxa, já fizeram as provas, é a última semana de aulas antes das férias, vou voltar a dormir. Acordei novamente com meu filho mais velho me chamando, dizendo que ele já tinha feito o café da manhã dele e dos irmãos e que já estavam todos alimentados. A culpa, lógico, me corroeu... Ele fechou a porta e veio conversar comigo. Meu filho de 8 anos estava preocupado...
"Mamãe, por que vc anda sempre cansada, sempre triste, sempre com sono? Vc está doente? Vc vai morrer?"
Mais culpa, mais tristeza, mais desânimo tomaram conta do meu vulnerável corpinho embalado feito temaki no edredon. Eu tive que fazer uma escolha. Já que eu não consigo evitar a preocupação, o estresse, o cansaço, ou eu chegava pro meu filho e falava a verdade ou mentiria e ele saberia que eu estaria mentindo.
Desabei. Falei tudo, mas de uma maneira racional. Falei que estou triste e mto cansada por causa do pai deles. Que ontem teve audiência com o pai pq ele não quer cumprir com as responsabilidades e tals. Aí eu conversei com ele e usei a parábola do semeador que a gente estudou ontem, dizendo que o pai não era bom campo, por isso as sementes (que seriam as coisas que ele deveria fazer e falar com as crianças) não germinavam.
Ele entendeu. Eu falei que era muito ruim ouvir algo tão triste do próprio pai, mas que eu estava cansada de mentir pra eles, dizendo que estava tudo bem.
No fim das contas, eu o abracei muito forte dizendo que faria TUDO o que estivesse ao meu alcance por ele e pelos irmãos. Que eu os amava muito e que eles sempre poderiam contar comigo.
Não sei se fiz a coisa certa. Provavelmente não o mais certo a se fazer, mas naquela ocasião senti que fortifiquei meu vínculo com meu filho.